Lançamento do 2º número da Revista Brasileira da Pesquisa Sócio-Histórico-Cultural e da Atividade

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*Editorial Volume 1.2 2019: A expansão da Teoria da Atividade no Brasil, produzido pelas professoras Dra. Adriane Cenci (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Dra. Manoela Lopes (Universidade Federal do Amapá) e Dra. Mônica Lemos (University of Helsinki).

A Teoria da Atividade, ou Teoria da Atividade Histórico-Cultural, popularizada internacionalmente como CHAT (Cultural-Historical Activity Theory), tem se expandido em diversos países e encontra solo fértil no Brasil. Em nosso país, temos observado sua expansão em diferentes áreas de pesquisas e atuação como por exemplo, ensino, saúde e trabalho.

Esse número temático destaca pesquisas fundamentadas na tradição de pesquisa russa, tendo Vygotsky e Leontiev como principais expoentes e na tradição finlandesa, com os estudos de Engeström e pesquisadores do Center for Research on Activity, Development and Learning – CRADLE.

Ao longo dos últimos anos, pesquisadores brasileiros têm procurado conhecer cada vez mais e se aprofundar nesta teoria por meio de cursos de formação continuada, cursos de pós-graduação, webminars, estágios, intercâmbios e parcerias, em especial com o CRADLE, na Universidade de Helsinki.

Considerando o contexto brasileiro, os conceitos estudados ganham novas dimensões em nossas pesquisas. Os sujeitos e os contextos das investigações impõem propor contornos nacionais (contornos históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais) na apropriação das tradições russas e finlandesas. Os textos reunidos neste número temático representam um pouco da expansão e da diversidade da produção da Teoria da Atividade no país.

O número abre com texto de TOMAZ que analisa como um estudante Indígena do povo Maxakali aprende a gerenciar o dinheiro de uma bolsa de estudos, lidando com a contradição entre o uso do dinheiro, segundo o modo de vida e os códigos linguísticos Maxakali versus a lógica de mercado, mediada por gêneros discursivos hegemônicos da racionalidade ocidental.

No segundo texto, SILVA e MATTOS analisam a codocência com estagiários e supervisor (professor da turma), no contexto do estágio supervisionado de Física, apresentando um estudo de caso. Indicam que a codocência pode fazer frente às dificuldades frequentemente percebidas nos estágios, possibilitando a emergência de ações do estagiário como professor da turma.

SOUZA e TOMAZ, no terceiro artigo, discutem o desenvolvimento de agência de quatro professoras das quais foi requerido preparar os alunos para exames de avaliação externa. Essas professoras, preocupadas com as aprendizagens importantes para a vida dos alunos, coletivamente reorganizam o trabalho pedagógico para atender as demandas da avaliação externa sem deixar de ensinar aquilo que consideravam importante.

O quarto texto do número traz a análise de VILAS BOAS, CAPILHEIRA e CENCI sobre uma intervenção formativa, inspirada no modelo do Laboratório de Mudança, realizada com grupo de professores, coordenação e direção da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas para, coletivamente, refletir, desenvolver e implementar um novo currículo para o Curso de Medicina. Os dados da intervenção foram analisados com base nas ações de aprendizagem expansiva.

SILVA, AVELLAR e FISCHER, no artigo que segue, também apresentam dados de uma intervenção com o Laboratório de Mudanças. Ela foi realizada em uma escola municipal com a participação de dois técnicos de segurança do trabalho, professores, gestores da escola e pesquisadores-mediadores. As autoras discutem o aprendizado dos técnicos de segurança do trabalho escolar sobre a relação entre sua atividade, cujo objeto é a melhoria das condições de trabalho na escola e prevenção de doenças, e a atividade dos professores.

No sexto texto CAMPOS, GALLON e BECKER apresentam um estudo de caso sobre o processo de construção de um Projeto de Desenvolvimento Social no setor de reciclagem envolvendo ONG, Empresa e Cooperativa. No artigo, as autoras buscaram compreender as tensões e as ações de aprendizagem expansiva ocorridas na construção do projeto, e destacaram a mudança de significado do objeto da atividade: de lixo para resíduo.

O número encerra com CAMILLO e MATTOS refletindo sobre a expansão da Teoria da Atividade na Educação em Ciências no Brasil. É um ensaio teórico organizado a partir de diversos estudos apontando as características que as pesquisas em Ciências vieram assumindo. Os autores questionam onde estaríamos e qual nosso papel na expansão da Teoria da Atividade no país.

Almejamos que os textos aqui reunidos possam contribuir para a expansão das pesquisas e para a expansão da própria Teoria da Atividade, fortalecendo a perspectiva teórica bem como potenciais articulações.

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